O maior impacto das tecnologias digitais em nossas vidas é a velocidade. Hoje as tendências são imediatas e desaparecem num piscar de olhos. Literalmente. As novas gerações refletem essa instabilidade: flutuam rapidamente de gostos e aspirações. O que é trend agora pode tornar-se obsoleto em alguns minutos.
E as empresas? Como elas podem acompanhar esse movimento sem perderem sua essência e sua cultura, sem deixar para trás algo que construíram por tantos e tantos anos?
Há algumas décadas, as marcas permaneciam da forma que foram concebidas por muito, muito tempo. Para mudar uma marca, eram necessários grandes investimentos: imprimir cartão de visita, papel carta, envelopes, pastas, folders, tudo muito dispendioso.
Hoje, não: uma empresa pode dar um reboot em sua existência; pode recomeçar suas redes sociais do zero em poucos cliques. A marca pode ser substituída e rapidamente escassos vestígios da marca original restarão.
É a velocidade do nosso tempo! Vamos a um exemplo nosso: em 2012, a Laika foi contratada para desenvolver a nova marca da Braspag, empresa que detinha 65% do share de mercado de gateway no Brasil e que fora adquirida pela Cielo.
Após pouco mais de seis anos, a Laika refez a marca da Braspag. Houve uma transformação no segmento de gateway nesse pequeno período. E foram mudanças drásticas. A Braspag cresceu significativamente em faturamento, mas perdeu share de mercado, simplesmente pelo fato do segmento ter expandido enormemente e novos players terem surgido, inclusive empresas da Europa e dos EUA. Ou seja, o segmento sofreu um terremoto de mudanças.
A transformação da Braspag foi feita de forma estruturada e envolveu bem mais do que mudança de aparência. Envolveu entender o que existia naquele momento em termos de cultura de marca e projeção de negócio para traduzir em design uma existência pulsante.
No contexto de design, o rebranding essencialmente consistiu em simplificar o logotipo: eliminar o ícone, que representava pontes de conexão (Gateway) e investir em um desenho tipográfico proprietário e atemporal, que resistisse às metamorfoses do segmento de tecnologia. O novo logotipo sobrevive aos modismos e ao temperamento do tempo.
Rebranding é “mudar” uma marca?
Para nós, rebranding não é mudar uma marca. Uma marca é o que foi construído. Quando a Laika envolve-se em um processo de rebranding, busca entender o que ela é naquele momento. E entender também o que se projeta para ela no futuro. Se houver mudança, ela será uma realização consequente de nosso trabalho com o cliente, a partir das bases que estruturamos. O rebranding é reforçar uma existência e projetar à frente planos cuidadosamente esboçados.
Claro que, no rebranding, invariavelmente se revelam necessidades e aspirações silenciadas pelo corre-corre do fazer diário. É o que impulsiona transformação. Antes de tudo, no processo de branding ou rebranding, é preciso separar duas coisas que tendem-se a misturar e fazemos questão de tratá-las em camadas diferentes: texto e imagem; conceitos da marca e identidade visual/logotipo. Este é uma síntese visual do primeiro. A marca é um conjunto de paixões, crenças, relações humanas e comerciais, histórias, desejos, produtos, problemas (família que não briga tem problemas) etc. Junte tudo isso num caldeirão e temos um grande caldo de vida! Com o design, vem a tradução visual desse existir: aquele logotipo que nasceu com o fundador da empresa, a cor específica que tanto a identifica ou o uso de um estilo de ilustração.
Por isso, mudar a marca tem dois níveis: o da imagem e o da palavra. O primeiro acompanha o segundo, porque este é raiz em seu verdadeiro sentido: está lá no fundo, desde o início. Vale um parênteses: para se sentir atual, o certo não é vestir tênis e calça da moda! Numa analogia bem simplória, a gente deve usar a roupa que nos faz sentir nós mesmos! Antes de tudo, temos de estar satisfeitos com o que somos. A roupa é reflexo disso.
Para um processo de rebranding eficaz, o primeiro passo é entender o caldo que cultivamos no dia-a-dia, entender a essência de uma marca. Continua com o mesmo sabor do início ou se tranformou muito? Precisa aprimorar a receita, colocar novos temperos? Para decifrar essa iguaria, é necessário um processo de consultoria responsável e estruturado para ir a fundo na alma da marca.
A Laika, através do método Divan, conduz o cliente pelo caminho em um processo de imersão surpreendente e revelador. É um mergulho na existência e na história da marca para traduzir verbalmente o que o cliente sabe, mas não conseguiu traduzir em palavras. A partir do Divan, temos as bases bem fixadas para construir a nova imagem da marca: um conjunto de elementos gráficos que, integrados, representam aspirações, ideias e propósito da marca.
O resultado final é um projeto sólido de identidade visual (que pode ou não envolver mudança ou transformação de logotipo). E, fundamental, um projeto que se realiza na tradução de conceitos, ideias, valores e propostas para a continuidade da marca.
Quer se aprofundar mais sobre o assunto? Será um prazer auxiliá-lo no processo estratégico de branding. Mande uma mensagem!
Recortes do projeto da marca Braspag
Nova marca Braspag, 2018: aparente simplicidade na logotipia para permitir mobilidade nos elementos de identidade visual que sustentam a marca.
O logotipo é sintetizado na versão monograma (bp) que permite assinar a comunicação sem causar saturação no uso do logotipo. Desdobramento em elementos de identidade visual que, em seu conjunto, reforçam a personalidade da marca.